Síndrome de Burnout

O que é o burnout?

A conceção de burnout foi abordada pela primeira vez pelo psicanalista alemão Herbert Freudenberger, em 1974, no âmbito das profissões relacionadas com os cuidados de saúde. Freudenberger defendeu este estado como de “frustração ou fadiga causado pela dedicação excessiva ou prolongada a uma causa, ocorrendo também se a pessoa persistir numa meta realisticamente inatingível: quanto mais se tenta, maior o desgaste”.

Mais tarde, em 1993, este conceito foi sendo delineado e a definição mais aceite atualmente foi proposta pela psicóloga Christina Maslach. A autora definiu o termo como assente em três elementos: exaustão emocional; despersonalização; e reduzida realização pessoal.

Os vários estudos publicados nesta temática levaram a que a Organização Mundial de Saúde (OMS) reconhecesse este problema como um fenómeno ocupacional e o incluísse na última revisão da Classificação Internacional de Doenças (CID-11). A CID-11 descreve o burnout como o resultado de um local de trabalho cronicamente angustiante que não é gerido com sucesso, sendo caraterizado pelas seguintes dimensões: sensação de diminuição de energia e exaustão; aumento da distância mental em relação ao trabalho ou sentimentos negativistas ou cinismo relacionados com o mesmo; e redução da eficácia profissional.

Como identificar?

Nos dias de hoje, é possível verificar o aumento dos casos de burnout nas mais variadas atividades profissionais, devido às múltiplas exigências laborais, com a solicitação de tarefas e objetivos, muitas vezes irrealistas e difíceis de atingir, conduzindo a um sentimento de frustração por parte dos profissionais, que não sendo valorizado contribui para a manutenção deste estado de exaustão física e emocional.

Os indivíduos com síndrome de burnout apresentam uma variedade de sintomas físicos, emocionais e psicológicos, como insatisfação profissional, ansiedade, humor depressivo, problemas do sono, diminuição da autoestima, baixa tolerância à frustração, irritabilidade, sentimento de desilusão, dores musculares e de cabeça, falhas de memória e diminuição da capacidade de concentração e atenção.

Que fatores contribuem para o burnout?

Quando são analisados os fatores que podem contribuir para o desenvolvimento de sintomatologia enquadrada na síndrome de burnout, sobressaem os fatores intrínsecos ao trabalho e os fatores individuais. Relativamente ao primeiro, estamos a falar das caraterísticas do papel exercido pelo profissional a nível da sua ambiguidade, sobrecarga de trabalho ou do conflito de papeis, do tipo de liderança, das relações insatisfatórias entre colegas, da perspetiva de carreira, da estrutura e clima organizacional, condições físicas e injustiças. Por outro lado, os fatores individuais relacionam-se com as caraterísticas da personalidade, capacidade de lidar com a mudança, inteligência emocional, estilos de resposta disfuncionais, nível de resiliência, perfecionismo e motivação.

Quais as consequências?

O burnout apresenta-se como um problema de saúde individual, mas também um problema institucional, pois apresenta consequências, em primeiro lugar para o bem-estar e saúde mental da pessoa, e em larga escala para as organizações. Uma organização que enfrente este problema estará perante um aumento da taxa de absentismo, diminuição do desempenho dos colaboradores, aumento do número de erros e acidentes de trabalho e redução da motivação, coesão e satisfação no trabalho.

Como intervir?

No sentido de intervir neste problema, podem ser utilizados vários tipos de estratégias, tanto a nível individual como organizacional. A nível da pessoa, é importante uma mudança da forma de pensar o trabalho, planear o mesmo, priorizar, evitar fazer várias tarefas ao mesmo tempo, delegar, melhorar a comunicação interpessoal, conhecer quais os seus limites pessoais, ser menos autocrítico e ter períodos de descanso. Além disso, é também importante a promoção dos hábitos de vida saudáveis, nomeadamente, alimentação equilibrada e variada, prática de exercício físico e inclusão de atividades extralaborais. Pode ser também importante, a procura de cuidados especializados na área da saúde mental, com recurso a acompanhamento psiquiátrico e/ou psicológico.

Já a organização ou empresa pode implementar ações que permitam uma ação eficaz contra o problema de exaustão física e emocional dos seus colaboradores, nomeadamente, formação especializada e ajustada às necessidades dos colaboradores para lidarem da melhor forma com os desafios inerentes às suas funções, implementar programas de reforço de competências transversais e atividades de team-building para promoção da coesão dos trabalhadores, promover uma comunicação aberta e eficaz, valorizar os seus profissionais e promover o cumprimento dos horários/turnos e uma carga de trabalho razoável.


Se está a enfrentar este problema, procure ajuda de profissionais especializados na área da saúde mental!