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As perturbações mentais são condições que afetam os pensamentos, emoções e comportamentos das pessoas e que causam intenso mal-estar e sofrimento. Para além disso, podem afetar as várias esferas da vida da pessoa - pessoal, familiar, social, profissional/escolar, limitando significativamente o seu funcionamento. Variam na sua gravidade e duração.
Não existe uma única causa para o desenvolvimento de uma perturbação mental. Podem ser fatores internos, fatores externos ou a conjugação de ambos.
De entre os mais estudados, a investigação destaca:
As perturbações mentais devem ser tratadas por especialistas da área da saúde mental – psiquiatras e/ou psicólogos clínicos.
Na Psiquiatria Positiva o plano de tratamento é delineado de forma particular para cada caso. O tratamento pode incluir psiquiatria, medicação e psicologia. O objetivo é tratar a perturbação mental e potenciar os recursos positivos da pessoa para evitar possíveis recaídas no futuro e para aumentar a sua qualidade de vida e felicidade.
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De seguida encontram-se informações úteis sobre diferentes perturbações mentais.
Depressão Major
A depressão é uma perturbação do humor caraterizada por uma visão negativa de si mesmo, do futuro e do mundo. Afeta a forma como a pessoa se alimenta e dorme, como se sente em relação a si próprio e como pensa sobre as coisas. É uma perturbação de gravidade e duração variáveis, que é, frequentemente, recorrente e acompanhada por uma diversidade de sintomas físicos e mentais.
– Humor depressivo;
– Apatia, desinteresse, falta de motivação, sentimento de medo, insegurança, desespero e vazio;
– Isolamento social e sentimentos de solidão;
– Apetite diminuído ou aumentado;
– Alteração do sono (insónia ou hipersónia)
– Agitação ou inibição psicomotora;
– Fadiga ou perda de energia;
– Pessimismo, ideias de culpa, baixa auto-estima;
– Dificuldade de concentração e esquecimento;
– Pensamentos acerca da morte ou ideação suicida.
O tratamento mais eficaz da depressão resulta do trabalho multidisciplinar da Psiquiatria e da Psicologia. Esta conjugação possibilita a combinação de psicoterapia com medicamentos antidepressivos. É ainda aconselhável o apoio dos familiares e outros significativos.
Perturbação Bipolar
A perturbação bipolar é uma perturbação do humor caraterizada por episódios repetidos e/ou alternados, de humor eufórico e depressão, isto é, mudanças de humor extremas e duradouras.
Sofrer de uma perturbação bipolar, significa viver num constante carrossel de emoções, existindo episódios de extrema alegria (episódio de mania), que alternam com episódios de humor muito baixo em que se sente desespero associado a ansiedade ou tristeza profunda (episódio depressivo).
Estas alterações profundas do humor, têm implicações importantes nas relações interpessoais e no desempenho profissional e escolar.
– Humor elevado associado a um aumento da autoestima e a sentimentos de grandiosidade;
– Aumento da atividade motora e grande vigor físico;
– Diminuição da necessidade de sono e aumento do interesse e da atividade sexual;
– As ideias e o discurso correm de forma rápida;
– Perda de consciência social, podendo a pessoa tornar-se socialmente inconveniente ou insuportável.
– Humor deprimido, sentimentos de tristeza, desespero, inferioridade e baixa autoestima;
– Dificuldade de concentração e atenção;
– Diminuição do interesse e o prazer pelas coisas;
– Dificuldade em dormir e o seu sono não é satisfatório e recuperador;
– Apetite reduzido e pode registar-se uma perda significativa de peso.
A natureza e duração dos episódios variam muito de pessoa para pessoa, tanto em intensidade quanto em duração..
Perturbações de ansiedade
A ansiedade é um fenómeno universal que ocorre naturalmente e de forma inerente à condição humana. Trata-se de um processo biofisiológico primitivo, que tem por objetivo proteger as pessoas, preparando-as para agir em alturas de perigo. A ansiedade é ativada perante a perceção de uma ameaça, permitindo que as pessoas fujam do perigo ou o enfrentem (resposta de luta ou fuga). Neste sentido, a ansiedade é saudável e normal.
Por exemplo, se estivermos prestes a atravessar uma passadeira e nos apercebermos de que vem, em direção a nós, um carro a elevada velocidade, a resposta ansiosa permitirá agirmos de uma maneira suficientemente rápida para salvar a nossa vida.
A ansiedade é, então, uma reação comum a todas as pessoas, quando estas pensam que algo mau ou ameaçador pode acontecer. No entanto, a ansiedade pode ser percecionada e vivida de uma forma tão intensa que se torna desconfortável e perturbadora.
Nas situações de ansiedade, é libertada adrenalina, o que se traduz num conjunto de mudanças corporais:
– Aumento da respiração;
– Aumento do batimento cardíaco e da pressão arterial;
– Os músculos ficam tensos;
– Tremores;
– Aumenta a transpiração;
– Surgem pensamentos de perigo e ameaça.
Após o término da reação ansiosa, as pessoas tendem a sentir-se cansadas ou mesmo exaustas.
Sentimento intenso de medo ou desconforto, durante um período discreto de tempo (em regra 10 minutos ou menos), que é acompanhado por diversos sintomas de ansiedade, tais como:
– Falta de ar;
– Palpitações;
– Tonturas;
– Formigueiro nas mãos e pés;
– Dores no peito;
– Sensação de desmaio;
– Suores;
– Tremores;
– Sensações de frio ou de calor;
– Boca seca;
– Náuseas;
– Sensação de que as coisas que estão em volta não são reais;
– Visão turva;
– Pernas a tremer;
– Tensão muscular;
– Sensação de que não consegue articular pensamentos e frases;
– Medo de morrer, perder o controlo ou cometer uma loucura.
O ataque de pânico é frequentemente acompanhada por uma sensação de perigo ou catástrofe iminente e por um impulso para a fuga.
A primeira experiência de ter um ataque de pânico é assustadora, pois trata-se de uma experiência nova, que é estranha e fora do normal. Em regra, o primeiro ataque de pânico surge quando a pessoa está sob pressão emocional e stress, cansada e exausta.
Perturbação de pânico
A Perturbação de Pânico é uma perturbação da ansiedade e é caraterizada por ataques de pânico inesperados e recorrentes acerca dos quais existe uma preocupação persistente.
– Presença de ataques de pânico inesperados e recorrentes.
– Preocupação persistente acerca de ter novos ataques; preocupação acerca das implicações dos ataques ou das suas consequências e/ou uma alteração significativa no comportamento devido aos ataques.
A perturbação de pânico pode sem diagnostica com ou sem agorafobia.
A Agorafobia é a ansiedade ou o evitamento de lugares ou situações nos quais a fuga pode ser difícil (ou embaraçosa), ou nos quais possa não ter ajuda no caso de ter um Ataque de Pânico ou sintomas semelhantes ao pânico. Estas situações são evitadas ou enfrentadas com intenso mal-estar ou ansiedade de vir a ter um Ataque de Pânico ou sintomas semelhantes ao pânico.
Perturbação Obsessivo-Compulsiva
A Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) é uma doença em que a pessoa apresenta obsessões e/ou compulsões.
As obsessões são pensamentos, impulsos ou imagens que acedem à mente das pessoas sem que estas o desejem, sendo experimentadas como intrusivas e inapropriadas e que causam forte ansiedade, mal-estar, culpa e vergonha. As pessoas passam a ter medo destes pensamentos, procurando evitá-los.
Os conteúdos mais comuns das obsessões são: contaminação; dúvida; necessidade de fazer as coisas segundo uma ordem particular; impulsos horríveis ou agressivos; imagens sexuais.
Seguem exemplo de algumas obsessões frequentes:
Tema | Exemplo |
---|---|
Contaminação | Estou sentado num sítio público que está contaminado com os germes de outras pessoas, por isso posso ficar contaminado e doente. |
Dano para si e para os outros | Se calhar tranquei alguém no congelador por engano. |
Dúvida | Será que desliguei todos os bicos do fogão antes de sair de casa? |
Simetria/ Exatidão | Estou a usar demais o lado direito do meu corpo, tenho de compensar usando mais vezes o lado esquerdo. |
Sexo inaceitável | Será que toquei propositadamente numa criança, com intenções sexuais? |
Religião | Hoje desiludi Deus. |
As compulsões ou rituais são estratégias que as pessoas utilizam para lidar com a ansiedade e com o sofrimento que as obsessões lhes causam.
Exemplos de rituais: verificar, lavar, limpar, repetir perguntas ou frases, rezar, contar, substituir um pensamento por outro, etc.
Com o evoluir da doença, os rituais começam a ocupar cada vez mais tempo, interferindo na vida das pessoas a todos os níveis: profissional, familiar e até no lazer.
Perturbação de ansiedade generalizada
A perturbação de ansiedade generalizada (PAG) é uma perturbação de ansiedade, cuja caraterística principal passa por ansiedade e preocupação exagerada e intensa acerca de qualquer assunto da vida diária. Esta preocupação causa intenso sofrimento à pessoa e interfere com a sua vida pessoal, social, profissional e familiar.
– Ansiedade e preocupação excessiva;
– Dificuldade em controlar a preocupação;
– Agitação, nervosismo ou tensão interior; dificuldades de concentração ou mente vazia; irritabilidade; tensão muscular; dificuldades ao nível do sono (dificuldade a adormecer ou de permanecer a dormir, ou sono agitado).
A perturbação da ansiedade generalizada é progressiva, isto é, sem tratamento eficaz, vai piorando, especialmente em situações de stress acrescido. Desta forma, a procura de tratamento especializado é a melhor solução.
Hipocondria
A hipocondria é uma perturbação da ansiedade cuja principal caraterística é a preocupação e o medo de padecer ou de possuir uma doença grave. Estas crenças surgem com base em interpretação erradas de um ou mais sinais ou sintomas corporais (por exemplo, ritmo cardíaco, dores de cabeça, pequena ferida, tosse ocasional, etc).
Estas preocupações não são aliviadas com exames médicos repetidos, testes diagnósticos ou tranquilização pelo médico.
É importante a procura de ajuda especializada para a recuperação total.
Fobia Social
A ansiedade social, isto é, a ansiedade sentida nas situações sociais (aquilo a que comummente chamamos vergonha ou timidez), é uma experiência frequente e comum nos humanos, que não impede que as pessoas tenham um funcionamento social adequado.
Porém, algumas pessoas podem sentir essa ansiedade de forma tão elevada que pode interferir negativamente no seu funcionamento social, ou mesmo levar estas pessoas a evitar as situações. Nestes casos, o medo de ser avaliado negativamente, de parecer ridículo, desajeitado, de não estar à altura da situação, provoca graus tão elevados de desconforto que a vida dessas pessoas fica gravemente limitada. Nesses casos, a ansiedade social assume contornos patológicos, a que chamamos fobia social.
A Fobia Social é caraterizada por uma ansiedade intensa, gerada em situações sociais de interação (por exemplo, ir a uma festa, falar com alguém que não se conhece bem, pedir uma informação a uma pessoa desconhecida…) ou de desempenho (ir a uma entrevista de emprego, apresentar oralmente um trabalho,), em que a pessoa se sente sujeita à avaliação e ao possível escrutínio dos outros. Este desconforto intenso leva a pessoa a evitar a exposição a essas situações.
Em caso de exposição à situação social temida, a ansiedade pode assumir a forma de um ataque de pânico.
A Perturbação de Stress Pós-Traumático (PSPT) surge em pessoas que passaram por um ou vários acontecimentos traumáticos, que colocaram a própria pessoa ou outros em risco de morte, ou que se constituíram como uma ameaça à integridade física.
- Ameaça para a vida ou segurança da pessoa;
- De curta ou de longa duração;
- De grande intensidade;
- Sentimentos de medo, desespero ou horror intensos.
- O acontecimento traumático é reexperienciado persistentemente;
- Evitamento dos estímulos associados ao acontecimento traumático (evitar pensamentos, sentimentos, conversas, lugares, pessoas, atividades);
- Desinteresse em atividades, sentir-se desligado dos outros, expetativas encurtadas relativamente ao futuro;
- Podem ainda surgir sintomas como: dificuldades no sono, irritabilidade e acessos de cólera, dificuldades de concentração, hipervigilância e resposta de alarme exagerada.
A procura de apoio especializado é fundamental de forma integrar o acontecimento traumático e conseguir ultrapassar a dor psicológica e as limitações inerentes à PTSD.
Anorexia
– Recusa em manter um peso corporal igual ou superior ao adequado para a idade e altura ou incapacidade para ganhar o peso esperado para o crescimento;
– Medo intenso de ganhar peso ou engordar, mesmo quando o peso é insuficiente;
– Perturbação na apreciação do peso e forma corporal, indevida influência do peso e forma corporal na auto-avaliação, ou negação da gravidade do grande emagrecimento atual.
Problemas sociais e emocionais:
– Sintomas depressivos, isolamento, irritabilidade, insónia e diminuição do interesse sexual;
– Caraterísticas obsessivas relacionadas com a ingestão de alimentos e o controlo do peso e forma corporal;
– Preocupações com o comer em público;
– Perceção de incompetência pessoal, necessidade de controlo, perfecionismo, dificuldades na interação social, diminuição da expressão emocional.
Bulimia
– Episódios recorrentes de ingestão compulsiva de alimentos;
– Comportamento compensatório inadequado para impedir o ganho de peso, tal como vomitar, usar laxantes ou outros medicamentos, jejum, exercício físico excessivo;
– A auto-avaliação é indevidamente influenciada pelo peso e forma corporais.
Problemas sociais e emocionais:
– Maior frequência de sintomas depressivos (baixa auto-estima e depreciação acentuadas);
– Pode haver um aumento da frequência de sintomatologia ansiosa, nomeadamente ansiedade em situações sociais;
– Pelo menos 30% das pessoas com diagnóstico de bulimia registam ao longo da vida abuso ou dependência de substâncias (sobretudo álcool ou estimulantes).
O défice de atenção carateriza-se pela presença de um padrão persistente de desatenção e/ou impulsividade. Atualmente considera-se uma perturbação crónica, com início na infância e persiste na vida adulta em mais de 50% dos casos. A PHDA está, em regra, associada a um padrão geral de problemas no rendimento académico e na adaptação social, familiar e laboral. Os sintomas, as limitações e as consequências associadas à PHDA podem ter um impacto profundamente negativo na vida do próprio e das famílias.
De forma geral, os principais sintomas da PHDA no adulto são:
- Não prestar atenção suficiente aos pormenores ou cometer erros por descuido nas tarefas laborais ou noutras atividades;
- Dificuldade em manter atenção em tarefas ou atividades;
- Não ouvir quando se lhes fala diretamente;
- Não seguir as instruções e não terminar os trabalhos, encargos ou deveres no local de trabalho;
- Dificuldade em organizar tarefas e atividades;
- Evitar ou relutância em envolver-se em atividades que requerem esforço mental mantido;
- Perder objetos necessários a tarefas ou atividades;
- Distrair-se facilmente com estímulos irrelevantes;
- Esquecer-se das atividades quotidianas;
- Agitar excessivamente as mãos e os pés e mover-se quando está sentado;
Levantar-se em situações de espera que esteja sentado;
- "Andar" como se tivesse "ligado a um motor";
- Falar em excesso;
- Precipitar as respostas antes que as perguntas tenham acabado;
- Dificuldades em esperar pela sua vez;
- Interromper ou interferir com as atividades dos outros.
Não é necessário a presença de todos estes sintomas para o diagnóstico. Contudo, é condição necessária, que os sintomas presentes estejam presentes com uma intensidade e frequência desadaptativa e disfuncional. Para além disso, devem existir provas claras de um défice significativo do funcionamento social, académico e laboral.
O diagnóstico de PHDA no adulto é uma tarefa difícil pois muitas vezes esta perturbação surge associada a outras perturbações psiquiátricas. As principais perturbações que surgem associadas à PHDA são o abuso de substâncias psicoativas, as perturbações do humor, da ansiedade, da aprendizagem e da personalidade. A presença destas perturbações, podem mascarar ou modificar a apresentação dos sintomas de PHDA.
A psiquiatria e a psicologia poderão ajudar a pessoa com PHDA aprender a lidar de forma eficaz com a sintomatologia e assim melhorar a sua qualidade de vida
A esquizofrenia é uma doença mental complexa, incerta no seu desenvolvimento, cujo curso de evolução pode variar consideravelmente de pessoa para pessoa. Sumariamente, a esquizofrenia carateriza-se, fundamentalmente, por um panorama psíquico cuja presença de alucinações, delírios e várias alterações nas capacidades de comunicação, afectos e pensamento é nitidamente marcada.
- Ideias delirantes ou delírios;
- Alucinações;
- Discurso desorganizado;
- Comportamento marcadamente desorganizado ou catatónico;
- Sintomas negativos, isto é, embotamento afetivo, alogia ou avolição.
Convicções ou crenças objetivamente incorretas, que não são abaladas pela evidência em contrário nem são suscetíveis de argumentação lógica. Podem ser delírios de perseguição (por exemplo: "os outros doentes estão aqui para me vigiar"), delírios de grandiosidade (os doentes afirmam ter talentos extraordinários, milhões no banco, serem amigos do presidente da república); delírios de ciúmes (ideias infundada que o cônjuge tem um amante); delírios somáticos (ideias de que se está doente ou que se possuiu um atributo físico invulgar - "Tenho cobras no coração"); delírios de referência (por exemplo, acreditar que é o assassino que falaram na televisão).
São experiências percetivas sem objeto que correm na mente do doente. Podem ocorrer em qualquer modalidade de sentido - auditivas, visuais, olfativas, gustativas e táteis. Na esquizofrenia as alucinações mais frequentes são as alucinações auditivas. As alucinações auditivas mais frequentes surgem como vozes na 3ª pessoa, dando ordens ou sob a forma de vozes comentadoras do doente e das suas ações (por exemplo "Tu não vales nada!").
O tratamento farmacológico, prescrito pelo psiquiatra, permite limitar a sintomatologia, diminuir pensamentos bizarros, diminuir sentimentos de ansiedade e normalizar o comportamento.
A intervenção psicológica é igualmente importante pois, através do treino de competências sociais, intervenção familiar e reabilitação profissional, é possível diminuir os sintomas psicóticos, melhorar o desempenho social, alargar as redes sociais e diminuir a frequência de internamentos.
As perturbações pelo uso de substâncias psicoativas incluem as perturbações relacionadas com o consumo de diversas drogas, tais como, álcool, cocaína, opiáceos, anfetaminas, cannabis, alucinogénios, entre outras. Estas perturbações podem dividir-se em 2 grupos: dependência e abuso.
As perturbações relacionadas com o consumo de substâncias psicoativas, afetam todas as esferas da vida da pessoa. A procura de apoio especializado é essencial, não só para o doente, mas também para a família.
Dependência de Substâncias Psicoativas
Utilização disfuncional de uma ou mais substâncias psicoativas (por exemplo, heroína, cocaína, álcool) levando a:
– Necessidade de quantidades cada vez maiores da substância ou diminuição do efeito do consumo da mesma quantidade de substância (tolerância);
– Síndrome de abstinência (efeitos indesejáveis que surgem quando não consome);
– Desejo e esforços, sem êxito, para diminuir ou controlar o consumo da substância;
– É despendido muito tempo em atividades necessárias à obtenção da substância e ao consumo da mesma;
– Abandono ou pouca participação em atividades sociais importantes devido à utilização da substância.
– Continuação do consumo apesar do mesmo interferir negativamente em vários aspetos da vida da pessoa.
Abuso de Substâncias Psicoativas
Utilização disfuncional de uma ou mais substâncias psicoativas (por exemplo, heroína, cocaína, álcool) manifestada por:
– Utilização recorrente da(s) substância(s) que resulta na incapacidade de cumprir obrigações importantes no trabalho, na escola ou em casa;
– Utilização recorrente da(s) substância(s) em situações que se torna perigoso (por exemplo, conduzir sob o efeito da(s) substância(s));
– Problemas legais relacionados com a utilização da(s) substância(s);
– Continuação do consumo apesar dos problemas pessoais, sociais, e interpessoais que a mesma traz para a vida da pessoa.
Cada um de nós tem uma personalidade única. Pode-se definir personalidade como um padrão mais ou menos estável de princípios e crenças, relacionados com a maneira típica de pensar, sentir, e agir em função dos mesmos. Este conjunto de caraterísticas denomina-se estilo de personalidade.
Um modelo que se debruça sobre a estrutura da personalidade é o modelo dos Cinco Grandes Fatores ou Taxonomia dos Big Five. Este modelo postula a existência de 5 fatores nucleares independentes que caraterizam a personalidade de cada um.Esta dimensão inclui caraterísticas como o sentido do dever, responsabilidade, eficácia, planificação, persistência, organização, perseverança, prudência, minuciosidade e rigor. Os indivíduos tipicamente conscienciosos são empenhados, organizados, persistentes e auto-disciplinados e focados na concretização dos objetivos. Indivíduos menos conscienciosos são menos responsáveis e organizados, mais indolentes e pouco obstinados na prossecução de objetivos.
Esta dimensão remete para o grau de controlo e ajustamento emocional. Indivíduos emocionalmente estáveis são calmos, serenos, seguros de si mesmo e de bom humor. O pólo negativo descreve indivíduos ansiosos, depressivos, inseguros e irritáveis, com o predomínio de emoções negativas (tristeza, medo, culpa). Estes estados negativos poderão conduzir a ideias pouco realistas e dificuldades de lidar com situação de tensão e stress.
Esta dimensão diz respeito à frequência e intensidade das interações sociais, nível de atividade e necessidade de estimulação. Indivíduos extrovertidos são, em regra, gregários, dominantes, ambiciosos, ativos, optimistas, persuasivos e ambiciosos. Envolvem-se ativamente no trabalho e em outras atividades. No pólo negativo - introversão - descreve indivíduos tímidos, reservados e que apreciam estar sozinhos.
Esta dimensão refere-se à orientação interpessoal. Uma pontuação elevada neste fator descreve indivíduos confiáveis, perdulários, afáveis, afectuosos, altruístas, colaborativos e flexíveis nas relações. Contrariamente, uma pontuação reduzida sinaliza indivíduos desconfiados, competitivos, egoístas, hostis, manipuladores e rígidos nas relações.
Esta dimensão inclui caraterísticas como a imaginação, a curiosidade intelectual, a originalidade, a sensibilidade estética, o juízo independente e a abertura mental. Indivíduos pouco abertos à experiência, são tendencialmente pouco imaginativos, rotineiros, preferem o familiar à novidade, possuem um leque restrito de interesses e pautam-se por um estilo mais factual e pragmático.
Os traços de personalidade podem tornar-se desadaptativos, inflexíveis e desajustados, comprometendo a vida pessoal, social e profissional da pessoa, bem como causando sofrimento significativo. Surgem então as perturbações da personalidade.
De forma a clarificar diferentes tipos de personalidades desajustadas, foram definidos 3 clusters nos quais se inserem 10 perturbações da personalidade. A tabela seguinte descreve de forma resumida as principais características de cada perturbação da personalidade.Cluster | Perturbação | Principais características |
---|---|---|
Estranhos, Excêntricos | Perturbação Paranóide da Personalidade | Desconfiança e suspeita: os motivos dos outros são sempre interpretados como malévolos. |
Perturbação Esquizóide da Personalidade | Indiferença face às relações sociais e restrição da expressão emocional. | |
Perturbação Esquizotípica da Personalidade | Relações interpessoais íntimas nulas, distorções da realidade, condutas excêntricas. | |
Teatrais, Emotivos, Lábeis | Perturbação Anti-social da Personalidade | Padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros. |
Perturbação Borderline da Personalidade | Instabilidade nas relações interpessoais, na auto-imagem e nos afectos, com impulsividade marcada. | |
Perturbação Histriónica da Personalidade | Emocionalidade exagerada e procura constante da atenção dos outros. | |
Perturbação Narcísica da Personalidade | Ideias de grandeza, necessidade de admiração, falta de empatia. | |
Ansiosos, Temerosos | Perturbação Evitante da Personalidade | Inibição social, hipersensibilidade à avaliação negativa dos outros. |
Perturbação Dependente da Personalidade | Conduta dependente e submissa, incapacidade de tomar decisões, preocupação com o ser abandonado. | |
Perturbação Obsessivo-compulsiva da Personalidade | Preocupação com a ordem, perfeccionismo e controlo. |
A Demência é um síndrome que se define genericamente pela perda cognitiva de dois ou mais domínios (atenção, memória, concentração, linguagem, orientação, reconhecimento, cálculo), associada à perda de autonomia e incapacidade do indivíduo realizar as suas tarefas diárias habituais.
Este síndrome manifesta-se através de sintomas cognitivos (falhas de memória, incapacidade de reconhecer ou identificar objetos/pessoas, dificuldades na linguagem, incapacidade de executar movimentos rotineiros), sintomas comportamentais e psicológicos (agressividade, agitação motora, humor deprimido, apatia, comportamentos sexuais desadequados, alteração ou recusa alimentar, desorientação, desconfiança, alucinações visuais) e dificuldades nas atividades da vida diárias (AVDs), como por exemplo alimentar-se, vestir-se, lidar com o dinheiro.Os tipos de Demência mais associados e prevalentes na população idosa são:
O quadro clínico “típico” da Doença de Alzheimer carateriza-se por um início gradual e evolução progressiva (em média 2 a 15 anos), incapacidade de reconhecer ou identificar objetos/pessoas, dificuldades na linguagem, incapacidade de executar movimentos rotineiros, desorientação temporal e espacial, perda de memória. É o tipo de Demência degenerativa mais comum em indivíduos acima dos 65 anos de idade.
Esta é a segunda Demência mais frequente na população idosa. Apresenta características comuns à Doença de Alzheimer (défice de memória, perda da capacidade executiva e visuoespacial) e ao Parkinson (parkinsonismo ligeiro espontâneo – rigidez muscular, dificuldade no andar, postura instável). Normalmente a memória encontra-se preservada nas fases iniciais da doença. Manifesta-se também através de alucinações visuais frequentes e detalhadas logo numa primeira fase (normalmente compostas por pessoas ou animais), flutuação da atenção e consciência ao longo do dia (por períodos curtos), alterações do sono, quedas repetidas, perdas de consciência temporárias e sensibilidade aos neurolépticos (fármacos).
A Demência Vascular, apresenta uma grande incidência na população idosa Portuguesa. Pode ser causada por enfartes em localizações estratégicas no cérebro ou pelo somatório de várias lesões cerebrais. Apresenta um início súbito (até três meses após um AVC comprovado), tem uma progressão em degrau e flutuante, verifica-se o declínio de várias funções cognitivas (memória, linguagem, incapacidade nas AVDs), sem poder ser explicado pelos efeitos do AVC. Estes doentes apresentam normalmente fatores de risco prévios, tais como HTA, diabetes, obesidade, tabagismo, etc.
No caso da Demência Frontotemporal, esta apresenta caraterísticas mais distintas das restantes e uma prevalência menor. No geral manifesta-se precocemente (entre os 40 e os 60 anos) e tem uma progressão gradual. Incide mais no sexo feminino, verificam-se alterações no comportamento social, dificuldades no controlo dos impulsos e das emoções, os doentes deixam de ter consciência das suas dificuldades/limitações muito cedo. As alterações no comportamento podem ser as seguintes: desleixo na higiene e arranjo pessoal, desinteresse geral, alteração da alimentação habitual, comportamentos abusivos e repetitivos, grandes alterações na linguagem (discursos pobres, repetição de palavras/frases, períodos de mudez) e ainda sintomas físicos – incontinência, perda de movimento muscular, rigidez, tremores.
O tratamento das Demências consiste no controlo e/ou diminuição dos sintomas e no abrandamento da progressão da doença, uma vez que a cura ainda não é conhecida. É essencial por isso combinar um tratamento farmacológico com um tratamento não farmacológico. Já existem fármacos específicos, prescritos pelo psiquiatra, para a Doença de Alzheimer e Demência de Corpos de Lewy que revelam eficácia comprovada na diminuição dos sintomas cognitivos e psicopatológicos.
Quanto à abordagem não farmacológica, as Terapias Psicossociais revelam-se de extrema importância nestes casos. Estas devem ser adaptadas a cada doente, tendo em conta a fase da demência, os sintomas observados e a rede de apoio (família ou cuidador). Deve ser dada o máximo de informação ao cuidador sobre a doença (manuais do cuidador, literatura, filmes) e atitudes a tomar, especialmente sobre a adaptação do meio ambiente do doente, tornando-o seguro mas estimulante cognitivamente. Uma grande ajuda será também o encaminhamento para Associações especializadas e Grupos de apoio.As dependências comportamentais são dependências não-químicas definidas por impulsos recorrentes, na qual a pessoa afetada envolve-se em comportamentos específicos apesar das consequências negativas que os mesmos implicam. Estes comportamentos afetam significativamente a vida da pessoa, bem como as suas relações pessoais, familiares e profissionais. Os sinais de alerta começam quando a pessoa está a perder a sua independência face a um comportamento, não conseguindo ter controlo sobre o mesmo. As dependências comportamentais mais recorrentes são a dependência do jogo (Gambling), dependência do sexo, dependência da pornografia, dependência da Internet, dependência do telemóvel, a codependência (ou dependência afetiva), a dependência das compras (Shopaholism) e a dependência do trabalho (Workaholism)
Dependência do Jogo – Perturbação do Jogo
Esta dependência pode ser definida como um comportamento problemático de jogo, persistente e recorrente, que leva a um prejuízo significativo na vida do indivíduo.
Principais sintomas:
• necessidade de jogar cada vez mais para atingir o entusiasmo desejado;
• desespero e irritabilidade quando é obrigado a parar de jogar;
• várias tentativas para parar de jogar sem sucesso;
• pensamento constante em jogar (revê jogos passados ou planeia os futuros);
• recorre ao jogo quando experiencia sentimentos negativos (angústia, tristeza, culpa, ansiedade);
• mentiras para disfarçar as consequências nefastas do seu comportamento;
• comportamentos impulsivos e de competição;
• isolamento, sentimentos de desespero e culpa.
Dependência do Sexo
A dependência do sexo é uma adição que se manifesta através da dificuldade no controlo da motivação sexual. O indivíduo afetado por esta patologia procura continuamente experiências de prazer imediato, de curta duração, apresentando um elevado nível de desejo e de fantasias sexuais.
Principais sintomas:
• Elevada intimidade física mas com distanciação afetiva;
• As relações afetivas significativas ficam afetadas pelos pensamentos sexuais recorrentes;
• Compulsões sexuais (masturbação obsessiva, exibicionismo, visualização de material pornográfico, relações sexuais com pessoas desconhecidas);
• Sentimentos de vergonha, culpa, tristeza, remorso, ódio de si mesmo;
• Problemas físicos associados (problemas de sono, hipertensão, esgotamento físico, úlceras, doenças venéreas e infeciosas, disfunções sexuais);
• Relações interpessoais superficiais, mantidas apenas com o objetivo da compensação sexual.
Dependência da Pornografia
A dependência da pornografia pode ser um subtipo da dependência de sexo, e consiste na visualização excessiva de conteúdos/materiais de pornografia, sendo que isto tem um impacto negativo na vida do indivíduo ou dos que o rodeiam.
Principais sintomas:
• angústia relacionada com a busca de pornografia;
• falta de desejo/impotência sexual sem o uso da pornografia;
• masturbação frequente e com pouca satisfação;
• ansiedade social severa;
• disfunções sexuais;
• dificuldades de concentração, inquietação.
Dependência da Internet
A dependência da Internet é descrita como qualquer comportamento compulsivo relacionado com o online, que interfere negativamente com o quotidiano (família, amigos, relacionamentos, trabalho) da pessoa. Esta dependência pode levar à desistência de um percurso académico/profissional, perda de relacionamentos interpessoais, isolamento e mudanças drásticas de comportamento.
Principais sintomas:
• elevado grau de importância dado ao computador/dispositivos móveis;
• sintomas de abstinência face à não utilização da internet (irritabilidade, dores cabeça, agitação, agressividade);
• alterações do humor, conflitos;
• mentiras acerca do tempo passado online;
• consequências físicas (baixo sistema imunitário, cansaço excessivo, problemas de sono, falta de exercício físico, alimentação descuidada, dores de cabeça/costas, fadiga ocular, descuido com a higiene pessoal).
Dependência do telemóvel – Nomofobia
A nomofobia pode ser definida como o medo irracional de perder ou estar sem o telemóvel. Para a pessoa dependente a relação com o telemóvel equipara-se a uma relação afetiva com uma outra pessoa. São fatores de risco uma baixa autoestima e dificuldades nos relacionamentos sociais.
Principais sintomas:
• mudanças de comportamento quando não é possível o uso do telemóvel (levar constantemente a mão ao bolso, olhar com agitação para o relógio, procurar o telemóvel sempre que soa o toque em redor);
• irritabilidade, tristeza, falta de apetite, aborrecimento (quando não está com o telemóvel);
• nunca sair de casa sem o telemóvel/não o largar;
• uso do telemóvel como forma exclusiva de comunicação.
Codependência (ou Dependência Afetiva)
A codependência é a dependência afetiva ao outro com quem se estabelece uma relação amorosa ou de amizade. É caraterizada por uma relação disfuncional, em que a pessoa depende exclusivamente da outra para satisfazer as suas necessidades emocionais e de autoestima, em que há uma dedicação absoluta e obsessiva.
Principais sintomas:
• baixa autoestima;
• necessidade obsessiva de agradar ao outro;
• inexistência ou rigidificação de limites na relação;
• elevada reatividade emocional;
• necessidade de controlo absoluto sobre o outro;
• dificuldades de comunicação;
• negação das suas dificuldades;
• emoções extremamente negativas e dolorosas.
Dependência das compras – Shopaholism
A dependência das compras é caraterizada pela dificuldade no controlo do impulso de comprar, levando a pessoa a gastar irracionalmente o dinheiro, o tempo e a sacrificar outras atividades/interesses em prol do ato de comprar. A compra de algo provoca nestes indivíduos uma sensação de recompensa psicológica, de prazer ou de diminuição da tensão/stress.
Principais sintomas:
• euforia com os gastos;
• discussões/conflitos com outros por causa do hábito de compras (negação do problema);
• mentir sobre os valores pagos;
• comprar compulsivamente para compensar estados de depressão, ansiedade, irritação ou solidão;
• sensação de vazio quando está sem o cartão de crédito;
• pensamentos obsessivos relativamente a dinheiro ou a novas compras;
• sentimentos de culpa, vazio, vergonha ou constrangimento após as compras.
Dependência do Trabalho - Workaholism
A dependência do trabalho ou workaholism é caraterizada por um comportamento obsessivo-compulsivo relacionado com a ocupação profissional, que se revela pela autoimposição de exigentes metas a cumprir, desleixo da vida pessoal em detrimento do emprego e disponibilidade irrestrita para o trabalho, com recusa de outras atividades (familiares, sociais, de lazer).
Principais sintomas:
• necessidade de mudar constantemente de ocupação;
• perfecionismo, impaciência, irritabilidade;
• necessidade de controlo sobre todos os aspetos do trabalho;
• atribuição de maior importância ao trabalho do que à família e amigos;
• estados de ansiedade aliviados através do trabalho;
• sintomas de abstinência pela ausência de trabalho;
• lapsos de memória;
• descuido/despreocupação com a alimentação, sono, exercício físico e lazer.
O tratamento de uma dependência requer a combinação de diferentes terapêuticas: psicofarmacológicas (medicamentos), psicológicas (psicoterapia individual ou de grupo) e reabilitação psicossocial.
As Perturbações do Espetro do Autismo (PEA) são um grupo de perturbações de desenvolvimento provocadas por um problema a nível neurológico, que afetam o normal desenvolvimento da criança. Os sintomas ocorrem nos primeiros três anos de vida e incluem três grandes domínios: a área social, comportamental e a comunicacional. As PEA são diagnosticadas através de comportamentos clinicamente observáveis, no entanto a sua expressão e gravidade variam de criança para criança, e ao longo da sua vida.
Autismo
O autismo é a mais comum e conhecida manifestação de perturbação do espetro do autismo.
Os principais sintomas são:
• Afastamento social;
• Linguagem sem intenção de comunicar, limitada ou inexistente;
• Excesso ou falta de sensibilidade a sons, ao toque, a cheiros, luz, cor, temperaturas ou dor;
• Relação obsessiva com os objetos;
• Ecolália (repetição mecânica de palavras/frases que ouve – “fala de papagaio”);
• Linguagem extremamente literal (tudo que ouvem é interpretado como verdade absoluta);
• Dificuldade em reconhecer/compreender sentimentos e intenções dos outros;
• Dificuldade em expressar as suas emoções;
• Funcionamento por rotinas (ex.: querer ir sempre pelo mesmo caminho para a escola, viajar sempre da mesma forma para o trabalho, comer exatamente a mesma comida às refeições);
• Interesses altamente focados (arte, música, comboios, computadores, etc.);
• Dificuldade em usar ou compreender expressões faciais, tom de voz, gracejos e sarcasmos.
Síndrome de Asperger
O Síndrome de Asperger, enquanto PEA, apresenta algumas caraterísticas semelhantes ao Autismo, mas as crianças apresentam uma linguagem desenvolvida e mais capacidades de interação.
Algumas das caraterísticas são:
• linguagem correta, mas estereotipada;
• voz monótona, pouca expressão facial, gestos inadequados;
• interação social fraca, com falta de empatia;
• resistência à mudança (preferem atividades repetitivas);
• postura incorreta, movimentos descoordenados;
• boa memoria mecânica e interesses muito específicos.
A investigação científica recente mostrou a existência de um fator genético, bem como causas orgânicas relacionadas com a origem das PEA. Também algumas doenças pré-natais (ex.: rubéola materna, hipertiroidismo) e peri-natais (prematuridade, baixo peso, infeções graves, traumatismo de parto) podem ter grande influência no aparecimento das PEA. Quanto ao tratamento, não há uma cura para estas perturbações, havendo apenas estratégias e abordagens – métodos que potenciam a aprendizagem e o desenvolvimento – que os pais e professores/cuidadores, com a ajuda de profissionais especializados, podem encontrar para ajudar no desenvolvimento da criança.
O Burnout ou Síndrome de Burnout pode ser definido como um estado de esgotamento, traduzido por fadiga física e mental, que leva a alterações do comportamento do indivíduo. Trata-se de uma resposta patológica ao stress profissional prolongado. Alguns dos fatores que podem levar ao Burnout são a competitividade laboral, a crise económica, más condições ou incumprimento da legislação, relacionamento difícil com colegas ou superiores, ou simplesmente o tipo de profissão – as que exigem grande envolvimento direto e intenso, tais como médicos e enfermeiros, professores ou polícias.
Físicos | Comportamentais | Psicológicos |
---|---|---|
Fadiga | Perda de entusiasmo | Tristeza |
Irritabilidade | Atrasos no trabalho | Diminuição da autoestima |
Cefaleias | Distrações | Pessimismo |
Problemas gastrointestinais | Frustração e raiva | Culpa |
Insónias | Aumento da rigidez | |
Dores nas costas | Dificuldade em tomar decisões | Sentimento de omnipotência |
Alterações no peso | Resistência à mudança | Sentimento de afastamento/indiferença |
Desequilíbrios hormonais | Isolamento social | Alteração de valores |
Náuseas | Dificuldade de concentração | |
Lapsos de memória |
O tratamento indicado para esta problemática é a Psicoterapia, uma vez que pode ajudar a pessoa a compreender as razões que levaram ao Burnout, evitando novas situações de esgotamento. Será também vantajoso a alteração das circunstâncias/condições que originaram o Burnout, sejam elas a melhoria das condições de trabalho, das relações profissionais, a diminuição do isolamento social, uma melhor integração na equipa de trabalho, o investimento noutros interesses, um maior convívio com a família e amigos, a prática de exercício físico ou de atividades relaxantes, etc. Em casos mais crónicos ou com outras perturbações associadas (depressão, ansiedade) poder-se-á recorrer a um tratamento farmacológico complementar.
O luto é um processo natural que ocorre sempre que há uma perda significativa na vida de uma pessoa (perda de um ente querido, um emprego, um animal, uma relação significativa, etc.). Apesar do processo de luto ser aparentemente um mecanismo universal, cada indivíduo possui uma forma particular de o realizar.
O luto complicado ocorre nas situações em que o processo de luto não segue a evolução normal, ou seja, o indivíduo não se consegue reestruturar e superar a perda. Num processo de luto complicado há uma dificuldade extrema em aceitar a perda. Nestas circunstâncias, o luto permanece não resolvido ao longo do tempo (até anos) interferindo no estado emocional da pessoa e condicionando significativamente a sua vida.
• Dificuldade em reconhecer e aceitar a perda;
• Foco extremo na perda e lembranças da pessoa morta;
• Intenso desejo ou anseio de encontrar a pessoa;
• Dificuldade em expressar a perda ou um reviver de experiências passadas;
• Reações depressivas;
• Evitamento e isolamento social;
• Sentimento que a vida não tem qualquer significado ou propósito.
Esta sintomatologia também pode ocorrer num processo de luto normal, no entanto, no luto complicado estes sintomas não mostram sinais de evolução e/ou melhora ao longo do tempo.
A psicoterapia é uma ferramenta importante para identificar e facilitar a resolução de dificuldades que emergem no processo de luto complicado. O acompanhamento psicoterapêutico oferece um espaço acolhedor de cuidado e escuta para que é possível o processo de elaboração do luto. A psiquiatria também desempenha um papel importante no sentido de alivar sintomatologia depressiva e ansiosa mais invalidante.
Trata-se de uma doença crónica, em que o sintoma predominante é a dor muscular. Na maior parte dos casos esta dor surge de forma generalizada. Porém, posteriormente poderá centrar-se em regiões específicas, como o pescoço ou a região lombar, e assemelha-se a um ardor intenso e muitas vezes debilitante.
• Dor crónica generalizada;
• Fadiga constante;
• Perturbação do sono;
• Espasmos musculares;
• Rigidez muscular (sobretudo matinal);
• Cefaleias;
• Falta de memória;
• Depressão/ansiedade;
• Formigueiros dos dedos das mãos e dos pés;
• Hipersensibilidade generalizada à pressão e mudanças de temperatura.
Ainda não é conhecida cura para a fibromialgia e também ainda não existe nenhum fármaco específico para a doença. Assim, o tratamento visa, não ausência de sintomas, mas o seu controlo/gestão. O tratamento deve ser multidisciplinar – médico, psiquiatra, psicólogo, fisioterapeuta - e tem de ser adaptado a cada doente e à fase em que se encontra. A psiquiatria é importante no que respeita à prescrição de terapêutica farmacológica para o doente lidar com o stress e a sintomatologia depressiva. A psicoterapia poderá ajudar a pessoa a prender a viver com a doença e aceitar as suas limitações, assim como aprender a lidar com o stress.
Presença de sintomas físicos, múltiplos, recorrentes e variáveis no tempo, sem causa orgânica identificável . Acredita-se que fatores psicológicos e psicossociais podem desempenhar um papel importante na etiologia desta condição. Contudo é importante que o médico permaneça atento à possibilidade de a pessoa desenvolver uma doença orgânica. A presença de somatizações ocorre frequentemente em comorbilidade com a depressão, perturbações da ansiedade e perturbações da personalidade.
As queixas mais frequentes são:
• Dor (de cabeça, de abdómen, muscular, articulações …);
• Sintomas gastrointestinais (náuseas, vómitos, intolerâncias alimentares, …);
• Sintomas a nível da sexualidade (perda de libido, disfunção erétil, anorgasmia, …);
• Sintomas pseudoneurológicos (tonturas, vertigens, perda de sensibilidade dos membros, dificuldades na deglutição, …)
O objetivo do tratamento – psiquiátrico e psicológico - é ajudar a pessoa a lidar com os sintomas que apresenta, bem como compreender a sua origem e função. A prescrição medicamentos antidepressivos ou outra medicação psiquiátrica pode proporcionar alívio dos sintomas físicos que derivam da perturbação de somatização (especialmente se a pessoa sofrer igualmente de ansiedade ou de uma perturbação do humor).
As perturbações do controlo dos impulsos caraterizam-se por incapacidade para resistir a um impulso, dificuldades ao nível da autorregulação das emoções e problemas de autocontrolo. Traduzem-se em sintomas como agressividade, raiva, irritação, desobediência, desafio à autoridade, destruição de bens, entre outros.
Existem diferentes perturbações do controlo dos impulsos com caraterísticas específicas:
PERTURBAÇÃO EXPLOSIVA INTERMITENTE | Carateriza-se por episódios isolados de perda de controlo dos impulsos com agressividade (história de maus-tratos a familiares, consumos de substâncias psicoativas, comportamento sexual impulsivo e infracções das normas sociais). O grau de agressividade expressado é desproporcional ao motivo que originou o episódio. A crise de agressividade pode surgir em minutos e posteriormente desaparecer rápida e espontaneamente dando lugar a arrependimento e pedido de desculpa. |
CLEPTOMANIA | Necessidade ou impulso irresistível, recorrente e intrusivo para furtar objetos não necessários para uso pessoal, independentemente do seu valor ou da capacidade financeira da pessoa para o adquirir convenientemente. Verifica-se aumento da tensão antes da realização do acto, seguido de gratificação e diminuição da tensão. Verifica-se na maioria das vezes sentimento de culpa. |
PIROMANIA | Comportamento repetido de planear e provocar incêndios como resposta a um impulso incontrolável. São pessoas que demonstram interesse em tudo o que está relacionado com o fogo e com as atividades e equipas de bombeiros. Sentem prazer, gratificação e/ou alívio quando provocam incêndios e também quando os observam ou de alguma maneira participam na sua extinção, incluindo naqueles que não provocaram. |
TRICOTILOMANIA | Consiste no acto de arrancar o próprio cabelo de forma recorrente para lidar com estados emocionais fortes. Este acto é precedido por uma tensão crescente e acompanhado de uma sensação de gratificação, bem-estar e/ou alívio de tensão. É natural que esta alteração provoque mal-estar clinicamente significativo e deterioração social, laboral ou de outras áreas importantes na vida da pessoa. |
O acompanhamento psiquiátrico e psicológico pretende ajudar a pessoa no que respeita ao controlo de impulsos e à auto-regulação emocional em situações difíceis e de descontrolo. A pessoa poderá desenvolver formas alternativas mais funcionais de expressar o que sente sem ser através da impulsividade e de comportamentos desadaptativos, fortalecendo a sua identidade e aumentando a sua autoconfiança.
A Síndrome Cerebral Orgânica é um termo geral que carateriza a diminuição da função mental, não sendo causada por uma perturbação psiquiátrica.
Os sintomas dependem da zona do cérebro afetada e podem incluir:
• Perda de memória;
• Dificuldade para compreender conceitos;
• Ansiedade;
• Dor de cabeça (principalmente em casos de traumatismo craniano);
• Incapacidade de prestar atenção;
• Dificuldade para executar tarefas rotineiras;
• Dificuldade para controlar movimentos musculares voluntários;
• Perda da inibição;
• Confusão mental;
• Distúrbios visuais.
Esta Síndrome pode ser causada por doenças neurodegenerativas (como a doença de Alzheimer, demência ou doença de Creutzfeldt-Jakob), por uma lesão ou infeção cerebral (traumatismo cranioencefálico, meningite) ou pode ser um efeito secundário do consumo de substâncias psicoactivas ilícitas.
O prognóstico da Síndrome Cerebral Orgânica depende da sua causa: se for consequência de uma doença neurodegenerativa não tem cura e é progressiva; se for secundária a uma lesão cerebral, o tratamento depende da gravidade/extensão da mesma. Será sempre necessário recorrer à farmacologia, assim como a terapias complementares, que reduzam os sintomas associados e possibilitem uma melhor qualidade de vida, tais como a psicoterapia, fisioterapia ou terapia ocupacional.
A Perturbação Orgânica da Personalidade é uma alteração da personalidade e do comportamento, que surge simultaneamente ou na sequência de uma doença, lesão ou disfunção cerebral. Carateriza-se por uma alteração significativa dos padrões habituais do comportamento pré mórbido, particularmente no que se refere a expressão das emoções, necessidades e impulsos.
Principais caraterísticas da doença:
• Capacidade reduzida em manter atividades com um objectivo/fim;
• Comportamento emocional alterado (instabilidade emocional, alegria superficial sem motivo, mudança fácil para irritabilidade, explosões rápidas de raiva e agressividade ou apatia);
• Expressão de necessidades/impulsos sem pensar nas consequências (roubo, propostas sexuais inadequadas, comer vorazmente ou desleixo com a higiene pessoal);
• Distorções cognitivas (desconfiança, ideação paranoide e/ou preocupações excessivas por um tema único e abstrato);
• Alteração na velocidade e fluxo da linguagem;
• Comportamento sexual alterado.
As causas desta patologia têm sido associadas à exposição a determinadas substâncias químicas nocivas e seus compostos tóxicos: Brometo de metila; chumbo; manganês, mercúrio, sulfeto de carbono, tolueno e outros solventes aromáticos neurotóxicos, tricloroetileno, tetracloretileno e tricloroetano.
O tratamento desta perturbação passa pela via farmacológica, com vista à redução da sintomatologia associada: insónia, depressão, comportamentos disruptivos e impulsividade. Para além disso, é essencial que haja um acompanhamento psicológico ao nível da reabilitação psicossocial, de forma a diminuir as consequências do comportamento pessoal e social alterado.
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