O luto é uma forma de amor!

Cada relação de afeto que desenvolvemos com outra pessoa é única, e cada vivência é intensa e exclusiva. Assim, quando uma relação é quebrada pela morte de alguém, a dor sentida em relação à pessoa que parte é sempre diferente e muito complexa, e por isso o processo de luto requer particular atenção.

O luto é uma resposta emocional normal de sofrimento. Podemos afirmar que o luto é uma extensão do amor, e por isso acontece após a perda de uma relação afetiva muito forte, seja com uma pessoa, animal, objeto ou com um bem imaterial, como o emprego ou o casamento, por exemplo.

Esta resposta normativa perante a perda varia de pessoa para pessoa e, por isso, não existe um período de tempo específico para determinar a sua durabilidade. Também a forma como é vivido depende de alguns fatores, tais como o tipo de relação com a pessoa falecida, a causa da morte, o apoio familiar/social que tem e ainda a personalidade de cada um.

Ainda assim, a Associação Americana de Psiquiatria definiu alguns parâmetros que ajudam a identificar um luto patológico – que não é saudável e normativo, e por isso deve ser tratado (caso se mantenha por vários meses):

• Desejo persistente para estar com a pessoa que perdeu;

• Ter dificuldade em acreditar na morte do ente querido;

• Sentir culpa;

• Desejar morrer para estar com a pessoa que perdeu;

• Perder a confiança nos outros;

• Não ter vontade para viver;

• Ter dificuldade para manter amizades ou atividades diárias;

• Não conseguir planear as rotinas do dia-a-dia;

• Sentir um sofrimento excessivo, ininterruptamente.

É bastante comum que o luto cause um turbilhão de pensamentos e sentimentos, e uma desorganização profunda na vida das pessoas, ao verem partir alguém cuja presença era fundamental e impossível de substituir. Não é possível substituir o amor seja por quem for, nem apagar da memória a relação que existia.

Quem está a viver a perda de alguém deve ser tolerante consigo próprio e permitir-se oscilar entre a lamentação e os momentos de distração e prazer, envolvendo-se em atividades de interesse, como forma de as transformar, com o tempo, em atividades satisfatórias. A experiência do luto deve deixar de ser encarada como fraqueza ou exagero, mas sim como um processo em que é possível acolher a dor, mostrando que ela é uma das faces do amor.

Algumas estratégias que podem ajudar durante o processo de luto são:

• Demore o tempo necessário – cada pessoa deve viver o processo no seu ritmo, sem se sentir pressionada;

• Aprenda a aceitar a dor e a perda;

• Expresse o que sente;

• Procure um grupo de apoio;

• Rodeie-se de entes queridos.

Habitualmente a pessoa consegue gerir o luto de forma autónoma, não sendo necessário procurar ajuda profissional. No entanto, existem casos em que o luto pode ser considerado difícil, especialmente quando os sentimentos associados são extremamente intensos ou duram há mais de 12 meses, no caso dos adultos, ou há mais de 6 meses, no caso das crianças. Nessas situações, o acompanhamento profissional é essencial. Procurar ajuda especializada pode ser uma boa forma de garantir que se consegue fazer um processo de luto saudável.

Um Psicólogo e/ou um Psiquiatra podem ser uma ferramenta muito útil.

A Equipa da Psiquiatria Positiva pode ajudar!

Fonte imagem: vecteezy.com