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A mudança de ano surge, comumente, como um bom momento para fazer um balanço do ano que está a acabar: avaliamos o que correu bem, o que correu menos bem, o que correu francamente mal, como foi o nosso desempenho, a nossa sorte ou azar, o que conquistámos e o que tivemos de deixar cair para conseguir agarrar coisas novas. E, de forma mais ou menos estruturada, traçamos novos planos, objetivos, intenções, para o ano que se aproxima.
Este processo de reflexão e planeamento nem sempre é simpático, confortável ou reforçador, e não raras vezes faz-nos alimentar uma narrativa interna de crítica, vergonha e culpa, e/ou sentimentos de tristeza, raiva, apatia e desmotivação. Se isso lhe acontecer, experimente mudar o foco dos resultados para o processo, e da crítica para a compaixão! Como pode fazê-lo? Deixamos aqui algumas recomendações:
• Aproveite essa intenção de fazer a reflexão anual como uma forma de parar para se conectar com o “aqui e agora” e com o seu mundo interior, estar consigo próprio/a – desligue o seu modo de piloto-automático.
• Traga para o momento presente, os seus valores de vida: como é que eu quero viver a minha vida? Em função de quê? O que é que para mim é importante na vida?
• À luz desses valores, faça um balanço do quão próximo/a se sente de cada um e o que é que o/a aproximou e o que o/a afastou dos mesmos durante este ano.
• Assuma uma atitude autocompassiva face a essa sua posição, independentemente da forma como avaliar o seu sucesso.
• Depois identifique o que é que está ao seu alcance fazer, dia-a-dia, para se aproximar dos seus valores. Que escolhas estão ao seu alcance fazer para ir nesse sentido?
De facto, estudos recentes têm demonstrado que a atitude (auto)compassiva promove recuperação e crescimento, uma vez que está fortemente correlacionada com empowerment (empoderamento, capacitação), aceitação e crescimento pós-traumático. Mas o que será isto da compaixão? Entenda-se compaixão como a ‘capacidade para estar sensível ao sofrimento do ‘eu’ e dos outros, com profundo desejo de compromisso para aliviar esse mesmo sofrimento (The Dalai Lama, 1995).
Assim, e para o/a ajudarmos a cultivar esta atitude (auto)compassiva, partilhamos consigo os seus 6 atributos-qualidades essenciais:
1. Cuidado com o bem-estar – motivação para cuidar, aliviar sofrimento, facilitar o desenvolvimento/crescimento;
2. Sensibilidade – ser capaz de reconhecer e distinguir estados emocionais e necessidades de quem está a ser cuidado (sejamos nós próprios ou outra pessoa);
3. Simpatia – estar aberto ao sofrimento, em vez de o negarmos ou evitá-lo. Aceitá-lo como participante na nossa vida.
4. Tolerância ao sofrimento– saber estar com estados emocionais desagradáveis, saber acolhê-los (em vez de o evitarmos, disfarçar ou camuflar);
5. Empatia – capacidade de estar em sintonia com os sentimentos, percebendo a sua origem e função.
6. Não julgamento – assumir atitudes de amabilidade, generosidade, consciência e de observação em detrimento de comportamentos como criticar, envergonhar ou rejeitar.
Se quiser saber mais sobre os benefícios da autocompaixão, na recuperação clínica ou em termos de crescimento pessoal, contacte a equipa da Psiquiatria Positiva!
Fonte imagem: VectorStocks.com
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